Alguns Cristãos respondem a essas perguntas argumentando
que, se a Palavra de Deus não trata especificamente ou não proíbe algo, isso significa
que não é problema para Deus. Eles acreditam que a Bíblia não trata diretamente
do assunto de como os Cristãos devem estar reunidos para adoração e ministério e,
portanto, é algo que deve ser deixado à preferência e critério de cada um.
Sendo assim, cada grupo eclesiástico tem liberdade de fazer o que quiser. Consequentemente,
eles não veem nada de errado em implementar coisas no Cristianismo que não estão
na Bíblia.
Essa visão exime responsabilidade pela ordem de coisas na Igreja hoje. No
entanto, esta hipótese é bastante incorreta porque a Bíblia aborda o assunto de como os Cristãos devem
estar reunidos para adoração e ministério. O ideal de Deus é claramente encontrado
nas Escrituras. Pensar que a adoração a Deus no Cristianismo é simplesmente uma
questão de preferência pessoal demonstra pura ignorância. W. Kelly disse: “A
mulher de Samaria (Jo 4) pensou, como muitos desde então, que o culto a Deus era
apenas uma questão de opinião humana. Estranho que até os próprios filhos de Deus
duvidassem que a adoração a Deus devesse ser de acordo com a vontade de Deus! É
o clímax da incredulidade do homem negar a Ele uma palavra – a palavra final –
em Sua própria adoração. Mas assim tem sido, e assim é, que os homens não percebem
a atrevida vontade própria que não permite que Deus decida qual é a Sua vontade
para a adoração de Seus filhos.”
O Sr. Kelly também disse: “A vontade do homem é má o suficiente em qualquer
lugar, mas é especialmente assim quando se intromete na adoração a Deus. Tenha certeza
de que aqueles que se queixam de falta de luz na Escritura sobre esse assunto têm
uma questão muito mais séria a resolver. Pois isso é tanto uma questão de revelação,
como também de fé de nossa parte, como a salvação da alma de um homem; a mesma fé
que pode confiar em Deus em uma coisa pode confiar n’Ele em tudo; enquanto, por
outro lado, a incredulidade que duvida de Deus em um ponto está disposta a duvidar
em todos os demais. Eu nego, por uma questão de princípio estabelecido, que a Palavra
de Deus seja obscura (no assunto da adoração): a permissão de tal pensamento surge
de nada além de infidelidade secreta e infidelidade por vontade não julgada”.
Além disso, não é um princípio coerentemente sadio raciocinar com o que não
está na Bíblia para aprender a mente de Deus sobre um assunto em particular
(2 Tm 1:7). Em essência, o que está sendo dito é: “Podemos fazer o que quisermos em adoração e ministério, desde que não seja
proibido na Bíblia!” Isto não é racional. Isso nos faz lembrar o que um irmão
bem-intencionado, mas equivocado, disse uma vez: “Há mais nas entrelinhas das Escrituras
do que nas linhas!” Certamente, este não pode ser o caminho correto para buscar
e encontrar a vontade de Deus sobre esse assunto. Se aplicássemos esse princípio
a outros assuntos que pertencem à doutrina e prática Cristãs, não haveria limite
para o que poderíamos fazer com que significassem. A verdade seria perdida em pouco
tempo. De fato, em grande parte, foi o que aconteceu com relação a esse mesmo assunto
de como os Cristãos deveriam estar reunidos para adoração e ministério. A razão
pela qual Deus nos deu Sua Palavra é para que possamos conhecer Sua vontade (1
Co 2:12-13). O que é honroso para nós é “examinar” a verdade da Sua
Palavra e buscar, por Sua graça, praticá-la (Pv 25:2; At 17:11-12). O hábito do
apóstolo Paulo era de disputar com os homens “tirando argumentos das (de dentro das) Escrituras” (At 17:2 – TB); ele não introduziu
seus pensamentos nas (para
dentro das) Escrituras. Isso nos mostra que realmente não temos qualquer
direito de levar os nossos pensamentos para a Palavra de Deus e tentar fazer
com que ela diga algo que nós queremos que ela diga.
Talvez o padrão para a adoração e ministério Cristão seja tão simples que
as pessoas o tem deixado passar e imaginem que não seja abordado. Permitir que ideias
e preferências humanas tenham um lugar na adoração a Deus resultou na ordem tradicional
do governo eclesiástico que existe no Cristianismo denominacional. Isso não
apenas carece de fundamento na Palavra de Deus, como contradiz claramente as afirmações
de Sua Palavra. O Sr. T. B. Baines disse: “Ou Deus estabeleceu uma ordem para a
assembleia ou a deixou à vontade do homem para criá-la. Se Ele estabeleceu uma ordem,
é claramente obrigatória para todos, e todo afastamento dessa ordem é um ato de
desobediência”. Se estivermos honestamente buscando a vontade de Deus, o único caminho
lógico para obter ajuda sobre este assunto seria voltar para a Palavra de Deus e
começar do “zero”, por assim dizer, dizendo, “Não faremos nada, mas o que é mencionado
na Bíblia em nossa adoração e ministério”. É isso que tentaremos fazer ao
abordar esse assunto neste livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário