terça-feira, 28 de abril de 2020

“Podemos Fazer Qualquer Coisa nos Cultos Desde que a Escritura Não o Proíba”

Alguns Cristãos respondem a essas perguntas argumentando que, se a Palavra de Deus não trata especificamente ou não proíbe algo, isso significa que não é problema para Deus. Eles acreditam que a Bíblia não trata diretamente do assunto de como os Cristãos devem estar reunidos para adoração e ministério e, portanto, é algo que deve ser deixado à preferência e critério de cada um. Sendo assim, cada grupo eclesiástico tem liberdade de fazer o que quiser. Consequentemente, eles não veem nada de errado em implementar coisas no Cristianismo que não estão na Bíblia.
Essa visão exime responsabilidade pela ordem de coisas na Igreja hoje. No entanto, esta hipótese é bastante incorreta porque a Bíblia aborda o assunto de como os Cristãos devem estar reunidos para adoração e ministério. O ideal de Deus é claramente encontrado nas Escrituras. Pensar que a adoração a Deus no Cristianismo é simplesmente uma questão de preferência pessoal demonstra pura ignorância. W. Kelly disse: “A mulher de Samaria (Jo 4) pensou, como muitos desde então, que o culto a Deus era apenas uma questão de opinião humana. Estranho que até os próprios filhos de Deus duvidassem que a adoração a Deus devesse ser de acordo com a vontade de Deus! É o clímax da incredulidade do homem negar a Ele uma palavra – a palavra final – em Sua própria adoração. Mas assim tem sido, e assim é, que os homens não percebem a atrevida vontade própria que não permite que Deus decida qual é a Sua vontade para a adoração de Seus filhos.”
O Sr. Kelly também disse: “A vontade do homem é má o suficiente em qualquer lugar, mas é especialmente assim quando se intromete na adoração a Deus. Tenha certeza de que aqueles que se queixam de falta de luz na Escritura sobre esse assunto têm uma questão muito mais séria a resolver. Pois isso é tanto uma questão de revelação, como também de fé de nossa parte, como a salvação da alma de um homem; a mesma fé que pode confiar em Deus em uma coisa pode confiar n’Ele em tudo; enquanto, por outro lado, a incredulidade que duvida de Deus em um ponto está disposta a duvidar em todos os demais. Eu nego, por uma questão de princípio estabelecido, que a Palavra de Deus seja obscura (no assunto da adoração): a permissão de tal pensamento surge de nada além de infidelidade secreta e infidelidade por vontade não julgada”.
Além disso, não é um princípio coerentemente sadio raciocinar com o que não está na Bíblia para aprender a mente de Deus sobre um assunto em particular (2 Tm 1:7). Em essência, o que está sendo dito é: “Podemos fazer o que quisermos em adoração e ministério, desde que não seja proibido na Bíblia!” Isto não é racional. Isso nos faz lembrar o que um irmão bem-intencionado, mas equivocado, disse uma vez: “Há mais nas entrelinhas das Escrituras do que nas linhas!” Certamente, este não pode ser o caminho correto para buscar e encontrar a vontade de Deus sobre esse assunto. Se aplicássemos esse princípio a outros assuntos que pertencem à doutrina e prática Cristãs, não haveria limite para o que poderíamos fazer com que significassem. A verdade seria perdida em pouco tempo. De fato, em grande parte, foi o que aconteceu com relação a esse mesmo assunto de como os Cristãos deveriam estar reunidos para adoração e ministério. A razão pela qual Deus nos deu Sua Palavra é para que possamos conhecer Sua vontade (1 Co 2:12-13). O que é honroso para nós é “examinar” a verdade da Sua Palavra e buscar, por Sua graça, praticá-la (Pv 25:2; At 17:11-12). O hábito do apóstolo Paulo era de disputar com os homens “tirando argumentos das (de dentro das) Escrituras” (At 17:2 – TB); ele não introduziu seus pensamentos nas (para dentro das) Escrituras. Isso nos mostra que realmente não temos qualquer direito de levar os nossos pensamentos para a Palavra de Deus e tentar fazer com que ela diga algo que nós queremos que ela diga.
Talvez o padrão para a adoração e ministério Cristão seja tão simples que as pessoas o tem deixado passar e imaginem que não seja abordado. Permitir que ideias e preferências humanas tenham um lugar na adoração a Deus resultou na ordem tradicional do governo eclesiástico que existe no Cristianismo denominacional. Isso não apenas carece de fundamento na Palavra de Deus, como contradiz claramente as afirmações de Sua Palavra. O Sr. T. B. Baines disse: “Ou Deus estabeleceu uma ordem para a assembleia ou a deixou à vontade do homem para criá-la. Se Ele estabeleceu uma ordem, é claramente obrigatória para todos, e todo afastamento dessa ordem é um ato de desobediência”. Se estivermos honestamente buscando a vontade de Deus, o único caminho lógico para obter ajuda sobre este assunto seria voltar para a Palavra de Deus e começar do “zero”, por assim dizer, dizendo, “Não faremos nada, mas o que é mencionado na Bíblia em nossa adoração e ministério”. É isso que tentaremos fazer ao abordar esse assunto neste livro.

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