quarta-feira, 29 de abril de 2020

O Exercício para Todo Crente Agora é Buscar a Comunhão com o Testemunho Existente à Verdade do Um Só Corpo

Encontramos na Escritura que, quando o Espírito de Deus começou uma obra em alguns com relação à verdade da reunião, Ele teve o cuidado de uni-los com outros no mesmo terreno, para que a “unidade do Espírito” pudesse ser guardada para que houvesse a expressão da verdade do “um só corpo”. Paulo diz dos santos tessalonicenses: “Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo” (1 Ts 2:14). Os tessalonicenses seguiram após as assembleias na Judeia, estando ligados a elas em comunhão prática, e até participando dos sofrimentos do evangelho. Não era que as assembleias na Judeia fossem mais importantes ou mais espirituais do que a dos tessalonicenses; simplesmente porque o Espírito havia começado Sua obra de reunir almas para nome do Senhor Jesus Cristo primeiramente na Judeia. Quando outros foram salvos, eram ligados em comunhão prática ao que o Espírito de Deus já havia começado.
Este princípio é confirmado em Atos 8:4-25. Muitos em Samaria haviam crido no Senhor Jesus por meio da pregação de Filipe, mas o Espírito de Deus não os reconheceu como estando no terreno do “um só corpo” até que tivessem comunhão prática com aqueles a quem Ele já havia reunido para o nome do Senhor Jesus em Jerusalém. Ao procurar guardar a “unidade do Espírito”, dois representantes desceram de Jerusalém e impuseram as mãos sobre os de Samaria (uma expressão de comunhão prática – Gl 2:9), pela qual o Espírito de Deus Se identificou com eles. C. H. Brown disse: “Deus não permitiu que os samaritanos obtivessem reconhecimento oficial como pertencendo à igreja (assembleia) até que eles a recebessem desses emissários que desceram de Jerusalém”. Vemos aqui que grande cuidado foi tomado pelo Espírito de Deus para ligar esses crentes àqueles em Jerusalém, para que houvesse uma expressão prática do “um só corpo” na Terra.
Quando o apóstolo Paulo encontrou um grupo de crentes em Éfeso que desconheciam outros com quem Deus já havia trabalhado, ele percebeu que o Espírito de Deus não os reconhecia como estando no terreno divino da assembleia (At 19:1-6). Eles não foram reconhecidos como estando no terreno do “um só corpo” até que houvesse comunhão prática (a imposição de mãos) da parte daqueles a quem o Espírito já havia reunido. Em referência a esse grupo de crentes, C. H. Brown disse: “Eles precisavam de algo. Eles tiveram que ser trazidos para a mesma unidade que já existia. Eles não podiam ser reconhecidos como ocupando um terreno diferente do resto deles. Paulo não podia dizer: ‘Vocês não estão no mesmo terreno que Antioquia ou Jerusalém, mas vocês têm muita verdade, e eu seguirei com vocês’. Ah não. Ele vai fazer com que eles sejam trazidos para o mesmo terreno em que o outros estavam. Eles foram trazidos para a mesma coisa que havia sido formada antes mesmo de ouvirem falar dela. Mais uma vez, vemos o cuidado e a sabedoria de Deus em manter “a unidade do Espírito”, para que houvesse uma expressão prática da verdade do “um só corpo”.
É verdade que esses dois exemplos citados no livro de Atos são casos em que as pessoas ainda não tinham o Espírito e, portanto, ainda não estavam adequadamente no terreno Cristão. Mas, como o irmão Brown mostrou, os exemplos nos dão um princípio importante sobre o qual Deus trabalha no sentido de manter a expressão prática da verdade do “um só corpo”. E assim, uma mente ensinada pelo Espírito sobre esses princípios aprenderá os pensamentos de Deus nesses assuntos coletivos da assembleia.
Este princípio é ilustrado em figura em Esdras 7-10. Deus havia começado uma nova obra ao trazer Seu povo de volta da Babilônia para o centro divinamente designado daquele dia – Jerusalém (1 Rs 11:32, 14:21). Cerca de 42.000 retornaram sob Zorobabel e Jesua (Ed 1-3). No entanto, cerca de 68 anos depois, outros foram igualmente estimulados a retornar a Jerusalém (Ed 7-8). Quando voltaram, descobriram que Deus já estava trabalhando de maneira semelhante com outras pessoas muito antes de serem exercitadas sobre tais coisas. E quando chegaram a Jerusalém, não encontraram um grupo perfeito de judeus ali (Ed 9), mas sabiam que era o único lugar correto para o povo escolhido de Deus adorar, por isso se identificaram com o testemunho já existente em Jerusalém. Não se pensou em estabelecer um testemunho independente, além do que já estava ali.
Cremos que isso nos dá uma resposta à pergunta sobre se as pessoas devem iniciar uma comunhão Cristã. Visto que o objetivo de Deus é reunir Seus santos na Terra em um para o nome de nosso Senhor Jesus Cristo no terreno do “um só corpo”, não cremos que o Espírito de Deus levaria pessoas a sair e praticar essas verdades num terreno de independência. Percebemos que alguns estão fazendo isso; mas não cremos que isso encontre a aprovação do Senhor, pois, ao fazê-lo, estão apenas promovendo a divisão exterior que não deveria existir no testemunho Cristão.
O que precisamos entender é que o Espírito de Deus já começou uma obra no testemunho Cristão no início de 1800, reunindo crentes para fora das denominações para o nome do Senhor Jesus. Ele ainda está trabalhando com os Cristãos para esse fim hoje. Cremos que Ele está disposto e capaz de guiar aqueles a quem Ele mostrou a verdade, à comunhão com o que Ele já começou. Cremos que o Espírito de Deus não ficaria satisfeito até que Ele completasse Sua obra, não apenas mostrando aos crentes o caminho bíblico para estarem reunidos, mas também associando-os praticamente àqueles a quem Ele já reuniu para que eles também pudessem estar no terreno do “um só corpo”.
Caso exista um grupo de Cristãos em exercício em uma localidade em que não haja uma reunião de Cristãos no terreno do “um só corpo”, não cremos que eles devessem irem adiante e partirem o pão, quer percebessem ou não, isso seria tomar um terreno independente. Eles precisam entrar em contato com aqueles que já estão no terreno de um só corpo, para que a mesa do Senhor possa ser estabelecida naquela localidade em comunhão com os santos assim reunidos. Ao fazer isso, a “unidade do Espírito” será mantida e não haverá reuniões independentes. Se eles não estiverem cientes de santos reunidos em nome do Senhor, eles deveriam esperar e confiar no Senhor. A partir dos princípios da Escritura citados acima, cremos que é assim que novas reuniões devem ser estabelecidas. Quando a mesa do Senhor é estabelecida em uma nova localidade, isso deve ser feito em comunhão com outras assembleias já no terreno do “um só corpo”.
Alguém perguntou a J. N. Darby sobre isso, dando-lhe dois cenários: “No caso de vários membros em comunhão se mudarem para outra cidade onde não há reunião; ou onde vários talvez se converteram e saíram das denominações; eles deveriam começar a partir o pão imediatamente se estiverem concordes entre si, ou devem anunciar sua intenção e buscar a comunhão das assembleias ao seu redor antes de fazê-lo?” Ele respondeu: “É sempre desejável que eles façam isso em unidade com os que estão reunidos no local mais próximo ou de onde vierem. Ninguém pode impedi-los de partir o pão, mas isso não seria feito de forma feliz ou piedosamente quando não é feito em comunhão com aqueles com quem eles já estão em comunhão” (“Letters”, vol. 2, pág. 458).

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