Outro princípio importante na recepção é que existe a necessidade de
provar a profissão de fé da pessoa. Se um homem diz que é Cristão, deve provar isso
afastando-se de todo pecado conhecido. Segunda Timóteo 2:19 diz: “qualquer que profere o nome de Cristo
aparte-se da iniquidade”. Veja também Apocalipse 2:2 e 1 João 4:1. Se ele não
se afasta da iniquidade, sua profissão de fé não é verdadeira. Isso é especialmente
importante em um dia de ruína e colapso no testemunho Cristão, onde abundam todos
os tipos de doutrina e prática do mal. Um exemplo disso é visto em uma figura em
1 Crônicas 12:16-18. Davi era o rei rejeitado de Israel naquela época. Quando pessoas
de várias tribos em Israel perceberam que estavam erradas ao rejeitá-lo, vieram
e o reconheceram como o legítimo rei de Israel. Quando aqueles da tribo de Benjamim
(a tribo do rei Saul) chegaram a ele, Davi colocou a profissão deles à prova. Quando
a confissão deles foi considerada verdadeira, e eles mostraram que estavam realmente
do lado de Davi, diz: “Davi os recebeu”.
Se alguém sustenta má doutrina, fica claro que a assembleia não deve recebê-lo,
pois estará em comunhão com os maus ensinamentos dele (Compare 2 Jo 9-11 e Rm 16:17-18).
Não falamos de diferenças que as pessoas possam ter em tópicos como o batismo, mas
coisas que tocam os fundamentos da verdade Cristã. A Escritura diz: “Ora o Deus de paciência e consolação vos
conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para
que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu
para glória de Deus” (Rm 15:5-7). Isso mostra que a assembleia deve receber
pessoas em comunhão quando elas podem glorificar a Deus “com uma mente e uma
boca” (KJV). Se fosse recebida
uma pessoa que sustentasse alguma má doutrina, como a assembleia poderia fazer isso?
Os irmãos estariam falando uma coisa, e a pessoa estaria falando outra coisa. Seria
confusão. Paulo disse aos coríntios: “Rogo-vos,
porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma
mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões [divisões – JND]; antes
sejais unidos em um mesmo sentido [pensamento
– AIBB] e em um mesmo parecer” (1 Co
1:10).
Com o mal eclesiástico, é necessário paciência e discernimento para perceber
isso em uma pessoa. Existe uma diferença entre alguém associado ao erro eclesiástico
por ignorância e alguém ativamente apoiando e promovendo esse erro. Um crente que
possa desconhecer a ordem bíblica de Deus para a adoração e ministério Cristão,
pode vir de uma denominação feita pelo homem que pratica uma ordem clerical de coisas,
e queira partir o pão à mesa do Senhor. Mesmo que ele esteja associado a um erro
eclesiástico, ele não está nesse ponto, no
mal eclesiástico. E se tal pessoa é conhecida por ser piedosa em andar e sã em doutrina,
não deve haver impedimento para permitir-lhe partir o pão, mesmo que ele não tenha
formalmente rompido sua associação com essa denominação.
A questão toda é: “Quando a ignorância quanto ao erro da associação eclesiástica
se torna um mal eclesiástico?” Acreditamos que a resposta simples é: “Quando a vontade
da pessoa estiver envolvida”. Para detectar isso, será necessário discernimento
sacerdotal por parte da assembleia. Nesses casos, a assembleia precisa estar muito
dependente no Senhor para conhecer Sua mente no assunto. Sob condições normais,
os irmãos deveriam permitir que ele partisse o pão, esperando e confiando que Deus
estaria trabalhando em seu coração – e que, depois de estar na ceia do Senhor, deixaria
o terreno em que estava anteriormente e continuaria com aqueles reunidos para o
nome do Senhor.
Este princípio é visto em 2 Crônicas 30-31. Ezequias permitiu que o povo
de Judá, e alguns das dez tribos que haviam se afastado de Jerusalém, participassem
da Páscoa e adorassem o Senhor no centro divino em Jerusalém. Depois disso, foram
para casa e destruíram seus ídolos e imagens. (Não estamos insinuando que as denominações
feitas pelo homem são semelhantes à idolatria. Estamos falando apenas do princípio).
O interessante a ser observado aqui é que Ezequias não lhes disse para fizessem
isso! Foi uma resposta do coração deles que veio puramente do fato de estarem na
presença do Senhor em Jerusalém. No entanto, se uma pessoa quiser continuar a ir
aos dois lugares regularmente, isso não deve ser permitido. Como J. N. Darby observou,
essa pessoa também não está sendo honesta com nenhuma dos grupos. Ele também disse
que à medida que aumenta o abandono e a corrupção no testemunho Cristão; ficará
cada vez mais difícil praticar esse princípio. É necessário mais discernimento à
medida que os dias ficam mais sombrios. Nos nossos dias, isso é aplicado muito raramente.
Outra figura do Velho Testamento ilustra o cuidado na recepção. Quando a
cidade de Jerusalém, o centro divino na Terra onde o Senhor havia colocado Seu Nome,
foi reconstruída nos dias de Neemias, havia grande perigo dos inimigos ao seu redor.
Consequentemente, eles não abriam os portões para permitir que as pessoas entrassem
na cidade até que “o Sol se aquecesse” (literalmente – o meio dia) (Ne 7:1-3).
Eles se certificaram de que não havia vestígios de sombras de dúvidas em torno
da pessoa antes de a receberem na cidade. Até aquele momento, eles faziam com
que aqueles que queriam entrar na cidade “assistissem” ou esperassem do lado de fora. À medida
que a escuridão na Cristandade cresce nestes últimos dias, esse tipo de cuidado
deve ser exercido na recepção. Veja o mesmo princípio em 1 Crônicas 9:17-27 (“porteiros”).
Geralmente tudo isso parece bastante estranho para a maioria dos Cristãos
que não conhece nada além dos métodos denominacionais de comunhão aberta. A ênfase
nas igrejas é conseguir o maior número possível de pessoas para o grupo. São feitos
grandes esforços para alcançar esse objetivo. Ter cuidado com quem é trazido à comunhão
provavelmente parece um pouco incomum, no entanto, é o que a Palavra de Deus ensina.
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