terça-feira, 28 de abril de 2020

7) “Separar-se de outros Cristãos quebra a unidade do Espírito!”


Para muitos crentes honestos e sinceros, parece inconcebível que um Cristão se separe de outros Cristãos. Especialmente quando um dos principais conceitos da comunidade Cristã é que somos todos uma grande família onde a união e a comunhão feliz devem existir. Na mente deles, separar seria quebrar essa unidade (Ef 4:3).
É importante entender que nenhum Cristão de mente correta e de coração verdadeiro quer se separar de outros Cristãos, pois é normal e correto amar toda a família de fé (Jo 13:34-35; Rm 12:9-10; Ef 1:15; Hb 13:13). No entanto, o amor ao Senhor Jesus e o desejo de agradá-Lo levam os Cristãos de coração verdadeiro a se separarem do que é uma desonra para Ele (2 Tm 2:19-20; Jo 14:15). Mesmo que nos doa nos separar de nossos irmãos, precisamos nos separar daquilo que desonra a Cristo. O que é devido a Ele deve ter precedência.
O problema com essa ideia de manter a unidade a todo custo é ver apenas um lado da verdade sobre o assunto. Se virmos apenas o lado das coisas que falam da unidade Cristã sem o lado, que fala da separação do mal, os fiéis ficariam deixados numa senda em comunhão com o mal sem esperança e sem qualquer recurso. Eles ficariam no apuro de ver a ordem de Deus em Sua Palavra, mas seriam incapazes de praticá-la, porque a questão da unidade demanda que eles fiquem com outros Cristãos em suas posições não bíblicas. Eles teriam que permanecer em comunhão com aquilo que sabem ser contrário à Palavra de Deus e isso daria a eles uma má consciência. E para eles seria um caminho de desobediência, pois “para quem sabe fazer o bem, e não o faz, para esse é pecado” (Tg 4:17 – TB). Consequentemente, para todo Cristão exercitado, seria uma constante aflição em sua alma. Felizmente, podemos dizer que é um falso princípio guardar a unidade à custa da santidade e da obediência – Isso nunca é o caminho de Deus.
A verdade é que o princípio divino de unidade só pode ser praticado corretamente em separação do mal. J. N. Darby disse: “O próprio Deus deve ser a fonte e o centro da unidade, e que somente Ele pode estar em autoridade ou distinção. Qualquer centro de unidade fora de Deus será uma negação de Sua divindade e glória. Como o mal existe – sim, é a nossa condição natural – não pode haver união da qual o santo Deus seja o centro e o poder, senão pela separação do mal. A separação é o primeiro elemento de unidade e união.”
Portanto, hoje em dia, quando a ruína e a confusão permeiam o testemunho público da igreja, as coisas que pertencem à unidade só podem ser praticadas em um testemunho remanescente. Este é um princípio bíblico e uma provisão que Deus fez para que pudéssemos praticar toda a verdade. Isso pode ser visto seguindo o curso descendente da história do testemunho Cristão, conforme descrito nos discursos do Senhor às sete igrejas em Apocalipse 2-3. Chegou um ponto em que o Senhor não reconhecia mais a massa da profissão Cristã e, a partir de então, passa a ocupar-Se com um testemunho remanescente. Ele distingue um remanescente, falando: digo a vós, e aos restantes (remanescente).... E é com eles que o Senhor Se concentra Seus tratamentos a partir daí (Ap 2:24-29). A razão para isso é que o estado da Igreja chegou a tal ponto “que mais nenhum remédio houve” (2 Cr 36:16). A partir desse ponto, uma mudança acentuada ocorre nos caminhos do Senhor com a Igreja. Isso é indicado pelo chamado para “ouvir o que o Espírito diz às igrejas”, passa a ser dado após a promessa “ao que vencer”, em vez de precedê-la, como foi o padrão até esse ponto. Nas palavras do Senhor para as três primeiras igrejas, a recompensa ao vencedor foi colocada diante de toda a Igreja porque o Senhor ainda estava tratando com ela como um todo. Mas, depois desse ponto, isso é abandonado. A chamada para “ouvir o que o Espírito diz às igrejas” é dada apenas a um remanescente de crentes, porque somente eles ouvirão e vencerão. Walter Scott disse que a razão dessa mudança é que a massa pública da profissão Cristã é considerada incapaz de ouvir, de se arrepender e de praticar a verdade. W. Kelly disse: “Desde então, o Senhor coloca a promessa (ao que vencer) em primeiro lugar, e isso porque é inútil esperar que a igreja como um todo a receba... só um remanescente será vencedor, e a promessa é para eles, quanto aos outros, está tudo acabado.”
Portanto, como esse é o caso, não podemos esperar em nossos dias praticar o princípio de unidade de Deus com a profissão pública como um todo, mas em um testemunho remanescente.
Na realidade, qualquer que se una a uma denominação em particular em detrimento de outras, na verdade não tem base alguma para criticar aqueles que desejam se separar das denominações, pois ele fez a mesma coisa! Ele se limitou a uma denominação, mas, ao fazer isso, se separou das outras; pois uma pessoa não pode ser batista e presbiteriana ao mesmo tempo. Por isso, ao juntar-se a uma denominação de sua escolha, ele, por esse ato, fez com que não estivesse em comunhão com nenhuma outra e, portanto, poderia ser acusado de não andar em unidade. Portanto, quem argumenta sobre esse ponto precisa primeiro praticar a unidade que ele diz estar guardando.

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