terça-feira, 28 de abril de 2020

O “Um Só Corpo” Versus as Muitas Seitas e Divisões

Talvez a mais triste de todas essas evidências do abandono seja as muitas seitas e divisões no testemunho da Igreja. O ensino claro da Escritura é que Deus odeia divisões, porque cisma e heresia (fazer divisões) são obras da carne (Gl 5:20). Quão grande contraste essas numerosas seitas e divisões no testemunho Cristão são com a vontade do Senhor! Enquanto Ele ainda estava na Terra, o Senhor orou para que todos os crentes fossem um, dizendo: “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim; Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste” (Jo 17:20-21). Ele estava disposto a morrer para “reunir em um dos filhos de Deus que estavam dispersos” (Jo 11:52 – JND). O Senhor também disse que, depois que morresse, procuraria reunir Suas ovelhas em um rebanho” para que pudessem haver um pastor”Ele mesmo (Jo 10:15-16). Apesar do desejo do Senhor de que Seu povo expressasse uma visível unidade prática e coesa na Terra, estamos todos divididos em diferentes seitas – cada um com suas próprias crenças e práticas peculiares a essas seitas. Certamente isso não pode encontrar a aprovação do Senhor.
Ao primeiro sinal de divisão na Igreja primitiva, o apóstolo Paulo foi guiado pelo Espírito a escrever: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões (divisões – ARA]... Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolos, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido?” (1 Co 1:10-13, 12:25). Aqui, na linguagem mais clara, Paulo, da parte de Deus, suplica a todos os crentes pela glória do nome do Senhor Jesus, para que não haja divisões! No entanto, quando olhamos ao redor na profissão Cristã hoje, vemos que aquilo que a Escritura condena aconteceu na Igreja! Quantos milhares de Cristãos estão se reunindo separados uns dos outros em suas seitas particulares, e essencialmente estão dizendo: “eu sou de Roma” (católico romano), “eu sou de Lutero” (luterano), “eu sou de Wesley” (metodista), “eu sou de Menon Simon” (menonita), etc. Se o Espírito Se entristeceu ao ouvir os Cristãos dizerem: “eu sou de Paulo” e “eu sou de Apolo”, etc., o Espírito Se agradaria agora ouvir eles dizerem: “eu sou de Lutero”, “eu sou de Wesley”, etc.? Se isso foi condenado como carnalidade nos primeiros dias da Igreja, agora poderia ser visto como espiritualidade? (1 Co 3:1-5) As muitas denominações na Cristandade claramente deixaram de lado a ordem de Deus para adoração e ministério, e para o governo da igreja, e estabeleceram uma ordem própria, completa com os seus credos e estatutos eclesiásticos. E, ao fazerem isso, eles criaram uma triste divisão no testemunho da Igreja de Deus na Terra.
Perguntamos: “Haverá divisões sectárias no céu?” Todos os Cristãos concordam unanimemente que todas essas divisões denominacionais na Igreja desaparecerão lá. No céu, todos estarão reunidos ao redor do Senhor Jesus Cristo em perfeita unidade, sem qualquer afiliação sectária. Como é então, que os Cristãos querem se reunir para adoração na Terra em divisões sectárias, quando não há tal coisa no céu? O Senhor Jesus ensinou os discípulos a orar: “seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no céu”! (Mt 6:10) É claro, então, que o Senhor deseja que a mesma unidade que existirá entre os crentes no céu exista agora entre os crentes na Terra.
O apóstolo Paulo disse que a primeira responsabilidade que temos como Cristãos andando “de uma maneira digna da vocação com que fomos chamados” está em fazer isso “procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (AIBB). Ele continuou explicando o porquê, dizendo: “há um só corpo” (Ef 4:1-4). Isso significa que, como Cristãos, devemos procurar expressar a verdade de que somos “um só corpo” em um sentido prático. O mundo deveria ser capaz de enxergar uma unidade visível na Igreja na Terra. Infelizmente, eles veem o testemunho Cristão despedaçado. Obviamente, não é possível que toda a Igreja se reúna sob o mesmo teto em um só lugar, mas, mesmo assim, deve expressar uma unidade entre os crentes na maneira como age em suas relações práticas entre as várias assembleias locais, procurando guardar essa unidade onde quer que estejam na Terra.
Ouvimos Cristãos falando das diferentes denominações como “seu corpo” e “nosso corpo”, como se houvesse muitos corpos! Eles falam de sua particular comunhão como um “corpo” em si mesmo, distinto de outros grupos eclesiásticos, a quem eles também veem como corpos. Pelo que vemos e ouvimos entre os Cristãos, a verdade do “um só corpo” foi perdida de vista.
Uma ilustração usada Charles Stanley descreve apropriadamente a confusão que existe no testemunho Cristão. Suponha que Sua Majestade, a rainha, envie um comandante-chefe para uma de suas colônias e, durante algum tempo, o exército se coloque inteiramente sob o comando desse oficial. Seria propriamente chamado “O exército de Sua Majestade”. Mas se o exército tivesse colocado de lado o comandante-chefe, e nomeasse outro de sua própria escolha, ou se o exército se dividisse em diversas partes e cada divisão tivesse o seu próprio comandante designado, mesmo que cada soldado ainda fosse um soldado britânico – poderia esse exército dividido ser chamado corretamente “o exército de Sua Majestade”? Tendo colocado de lado a autoridade do comandante-chefe nomeado por Sua Majestade, cada divisão que eles formaram em sua rebelião seria considerada pela coroa britânica como sendo revoltosas. Não seria deslealdade se juntar às fileiras de qualquer uma dessas divisões rebeldes?
Agora, aplicando isso à Igreja, podemos facilmente ver que isso aconteceu quando da criação das igrejas denominacionais e não-denominacionais. Por um tempo, a Igreja primitiva permaneceu sob a autoridade do Espírito Santo, que foi enviado do céu para governar a Igreja, assim como o exército britânico, durante algum tempo, possuía a autoridade do comandante-chefe de Sua Majestade. Quando o afastamento da Palavra de Deus se estabeleceu na Igreja, surgiram divisões sectárias e arranjos humanos que foram implementados para guiar essas divisões. Muitos desses arranjos humanos que foram trazidos à Igreja, surgiram com boas intenções – mas sem autoridade da Palavra de Deus. À medida que as seitas dentro da profissão Cristã se multiplicavam, as autoridades humanas (com seus credos e estatutos especiais) foram criadas nas várias denominações para administrar seus negócios. Hoje a coisa toda tem crescido em um sistema vasto tendo muitas comunhões Cristãs divididas, e a Palavra de Deus tem muito pouca autoridade sobre elas.
É de se admirar por que os incrédulos neste mundo olham para a Igreja e balançam a cabeça em sinal de desaprovação? Se perguntamos a eles o porquê de não acreditarem no evangelho, geralmente apontam para o estado confuso e dividido da Cristandade com todas as suas vozes conflitantes como desculpa para rejeitar a Cristo. Que triste testemunho que nós prestamos a este mundo! Certamente, devemos abaixar a cabeça e confessar ao Senhor que pecamos, como Daniel, Esdras e Neemias reconheceram que eles tiveram parte no fracasso do testemunho de Israel (Dn 9:1-19; Ed 9:1- 15; Ne 9:4-38).

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