Outra coisa que se tornou parte integrante dos cultos denominacionais eclesiásticos
é a prática do dízimo (10% da renda de alguém como oferta). É algo que é distintamente
judeu e foi emprestado daquela ordem terrenal de coisas que a epístola aos hebreus
chama de “o arraial” (Lv 27:30-34; Nm 18:21-24; Hb 13:13). Entretanto o
dízimo não tem lugar no Cristianismo. O Cristianismo opera com princípios totalmente
diferentes e muito mais elevados do que os da lei mosaica. Impor esse padrão aos
filhos de Deus hoje no Cristianismo é entender mal a graça e a distinção entre judaísmo
e Cristianismo.
O dízimo era uma ordenança colocada sobre os filhos de Israel sob a lei.
No Cristianismo, o novo homem não precisa de uma lei. Ele se deleita em agradar
a Deus e em fazer a Sua vontade (Rm 8:4). Colocar a nova vida em Cristo sob o princípio
da lei é supor que haja algo nessa nova vida que queira fazer algo contrário a
Deus, mas não existe tal impulso em um crente que anda no Espírito. No judaísmo,
não importava se uma pessoa estava disposta ou não, ela ainda tinha que dar os seus
10%. Isso era lei. Este não é o princípio sobre o qual os Cristãos devem dar. Em
2 Coríntios 8-9, temos os princípios para as ofertas Cristãs. Observe com atenção
que não há qualquer palavra nesses capítulos, ou em qualquer outro lugar do Novo
Testamento, que diga aos Cristãos que usem o método legal do dízimo em suas ofertas.
Nesses capítulos de 2 Coríntios, os princípios das ofertas Cristãs
são apresentados de maneira bastante simples. Primeiro, devemos nos dar a nós
mesmos ao Senhor e à vontade de Deus, depois a oferta de nossa substância de acordo
com a medida do que temos. Diz: “será
aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem” (2 Co 8:5, 11-12).
A oferta Cristã é algo que tem que vir do coração antes que tenha valor diante de
Deus. Se não houver uma “prontidão de vontade”, a oferta de uma pessoa será realmente apenas algo legalista, e não
haveria um verdadeiro valor sacrificial nela.
Esses capítulos também revelam o propósito das ofertas Cristãs. O
apóstolo mostra que era para:
- Expressar comunhão com os outros membros do corpo de Cristo (2 Co 8:4).
- Abundar em todos os aspectos da experiência Cristã (2 Co 8:7).
- Para provar a realidade de nosso amor (2 Co 8:8, 24).
- Imitar nosso Senhor Jesus (2 Co 8:9).
- Ajudar a atender a necessidade de outras pessoas (2 Co 8:13-15).
- Para que possamos ter a experiência prática da abundância de Deus para conosco, de acordo com Sua total suficiência (2 Co 9:8-10).
- Dar ocasião a outros de agradecer a Deus (2 Co 9:11-15).
- Fazer com que esse fruto possa abundar em nossa conta (Fp 4:17).
Na ordem de Deus, deve haver coletas regularmente no primeiro dia da semana,
quando os santos estão reunidos. A Palavra de Deus diz: “quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo
que ordenei às igrejas [assembleias
– JND] da Galácia. No primeiro dia da
semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua
prosperidade” (1 Co 16:1-2). Embora a coleta mencionada neste versículo seja
para as necessidades específicas dos santos em Jerusalém, o princípio é válido para
nós hoje. Ainda existem necessidades específicas na igreja.
O momento em que a coleta deve ser realizada é quando os santos estão
reunidos para partir o pão no primeiro dia da semana (At 20:7). Hebreus 13:15-16
vincula o sacrifício de “repartir [nosso sustento” (JND)] com outros” (TB) com
o “sacrifício de louvor” que é oferecido
no partimento do pão.
O que é espantoso na Cristandade hoje em dia e certamente uma desonra ao
Senhor é encorajar aqueles que nem sequer são salvos a que façam ofertas nas
coletas. A impressão que isso deixa na mente dos incrédulos é que eles podem fazer
algo que seja aceitável a Deus em seu estado não regenerado. Mais do que isso, também
dá a impressão de que o Cristianismo é um sistema de pagar e receber. Como uma pessoa
observou: “Seu Deus com certeza deve ser pobre, porque Ele sempre faz com que vocês,
Cristãos, peçam dinheiro!”
Na Bíblia, não lemos sobre coletas sendo recebidas daqueles que não são salvos.
A prática da Igreja primitiva era não fazer coletas publicamente. Para se protegerem
de tais noções que o mundo possa ter, os servos do Senhor na Igreja primitiva, tiveram
o cuidado de não tomar “nada” dos gentios nas nações para as quais levaram
o evangelho, que não conheciam o Senhor (3 Jo 7). Essa ainda é a ordem de Deus para
a Igreja hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário