terça-feira, 28 de abril de 2020

O Sacerdócio de Todos os Crentes

A origem da palavra “sacerdote” é “aquele que oferece” (Hb 5:1, 8:3; 1 Pe 2:5). Um sacerdote é aquele que tem o privilégio de entrar na presença de Deus em favor do povo. No Cristianismo, um sacerdote exerce seu sacerdócio oferecendo sacrifícios de louvor a Deus e apresentando petições a Deus em oração (Hb 13:15; 1 Jo 5:14-15). Embora uma das causas da fraqueza e confusão que prevalece na igreja professa, é que o sacerdócio, em muitos casos, foi indevidamente atribuído como o direito de uma classe privilegiada de pessoas, algumas das quais nem mesmo são salvas!
A verdade é que todos os Cristãos são sacerdotes. Isso é o que a Escritura ensina. O livro do Apocalipse afirma que eles são feitos “sacerdotes para Deus” pela fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1:6, 5:10). A epístola de Pedro confirma isso, dizendo: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe 2:5, 9). Além disso, a epístola aos Hebreus exorta os Cristãos como um todo, a se aproximar de Deus dentro do véu, no “santo dos santos” (Hb 10:19-22 – ARA, 13:15-16). O fato de que ela diz que o Senhor é “um Sumo Sacerdote” implica que há um grupo de sacerdotes sob Ele. Ele não iria presidir como um “Sumo Sacerdote” se não houvesse sacerdotes sob Ele. Da mesma forma, uma pessoa não seria chamada de líder de alguma empresa ou grupo se não houvesse aqueles a quem liderasse. A exortação em Hebreus 10:19-22 é encorajar os Cristãos a se aproximar de Deus e a exercer seus privilégios sacerdotais.
Em cada uma das passagens da Escritura no Novo Testamento, onde o sacerdócio é tratado, não há menção, nem sequer uma insinuação, de que apenas alguns dos santos são sacerdotes. Tampouco existe alguma passagem no Novo Testamento onde essa noção seja proposta. Quando o Novo Testamento fala de sacerdócio, refere-se na mesma intensidade, a todos os crentes constituídos como tais. Além disso, esses versículos não apenas nos dizem que todos os Cristãos são sacerdotes, como aprendemos deles que somos sacerdotes com privilégios que superam os sacerdotes dos tempos do Velho Testamento. Um sacerdote no Cristianismo tem o direito de “aproximar-se” da própria presença de Deus, no “santo dos santos”. Esse é um lugar onde nenhum filho de Aarão poderia entrar. Mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano dentro do véu, ele não entrava com ousadia como podemos entrar agora. No dia da expiação, ele entrava com o medo de morrer; mas podemos entrar com a “inteira certeza de fé”. Além disso, os sacerdotes aarônicos tinham em grande parte um serviço do qual não tinham consciência. Eles não sabiam por que deveriam fazer as coisas que lhes eram ordenadas. Mas temos um “culto racional [serviço inteligente – JND] (Rm 12:1). Podemos realizar nossas funções sacerdotais com entendimento de tudo o que fazemos em Sua presença.
Agora, como a Escritura ensina que todos os Cristãos são sacerdotes e que todos temos o mesmo privilégio de exercer nosso sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não é necessário que um clérigo realize esses privilégios em nome dos demais. Nas reuniões de adoração e oração (onde os Cristãos exercem seu sacerdócio), precisamos apenas esperar no Espírito de Deus para conduzir as orações e louvores dos santos. Se permitirmos que Ele dirija a assembleia, na posição que é d’Ele, Ele dirigirá um irmão aqui e outro ali, para expressar audivelmente adoração e louvor como o porta-voz da assembleia. (Percebemos, é claro, que não exercemos nosso sacerdócio apenas quando estamos reunidos em assembleia. A qualquer momento, um Cristão pode entrar na presença imediata de Deus em oração e adoração e atuar como sacerdote. Mas o contexto deste livro tem a ver com os Cristãos reunidos em uma assembleia para adoração e ministério.)
Quando entendemos a proximidade do relacionamento que todos os Cristãos têm como parte do corpo e noiva de Cristo, podemos ver como isso é totalmente incompatível com a ideia de uma casta ministerial estar mais próxima de Deus do que os demais (Ef 2:13, 5:25-32). Defender, como Cristãos, que precisamos de uma casta tal como essa é negar que somos capazes, como sacerdotes, de oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Realmente elimina os privilégios do Cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou pelo menos, nos leva de volta a esse nível.
Embora poucas denominações cheguem tão longe a ponto de ter um clérigo com o título de “sacerdote” (sugerindo que o restante nessa denominação não são, a maioria das igrejas evangélicas chama seus clérigos de “pastor” ou “ministro”. Faz pouca diferença, pois essa posição na Igreja não está de acordo com a Escritura; é puramente um ofício inventado pelo homem.

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