E quanto a Atos 13:1-4? “E na
igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores (mestres), a saber: Barnabé e Simeão, chamado Níger,
e Lúcio cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo. E,
servindo [ministrando – JND] eles ao Senhor, e jejuando, disse o
Espírito Santo: Apartai-Me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram [os deixaram ir – JND]. Isso parece mostrar
que é necessário que alguém, mesmo um apóstolo, seja ordenado antes que possa sair
pregando.
Muitas ideias que as pessoas têm sobre assuntos divinos, vêm de uma leitura
descomprometida da Palavra de Deus. As pessoas geralmente não tomam tempo para
examinar as Escrituras com cuidado e em oração antes de tirar suas conclusões. Este
assunto da imposição de mãos é um dos principais exemplos. Primeiramente, não temos
autoridade para dizer que nessa passagem ocorreu uma ordenação. A palavra (ordenar)
nem aparece na passagem. Menciona a imposição de mãos, mas é uma suposição pensar
que a ordenação vem por meio da imposição de mãos. Em todos os casos em que os
anciãos foram ordenados na Bíblia, não há menção de que as mãos foram impostas
sobre eles! Pode ser que as mãos tenham sido impostas sobre aqueles que foram
ordenados, mas a Escritura não diz nada a esse respeito. Por esse motivo, os apóstolos
(ou seus delegados) podem ter feito muitas coisas quando ordenaram presbíteros,
mas seria pura suposição de nossa parte dizer que fizeram isso, simplesmente porque
a Escritura não fala nada sobre isso. W. Kelly disse: “Não tenho dúvidas de que
o Espírito de Deus conhecia a superstição que seria associada à imposição de
mãos nos anos posteriores da história da Igreja; portanto, Ele tomou o cuidado de
nunca conectar imposição de mãos com a ordenação de anciãos... Minha afirmação é
que, nesta exata questão de ordenação, a Cristandade perdeu a mente e a vontade
de Deus; e é ignorante, mas não sem pecado, lutando por uma ordem própria, que é
mera desordem”.
É evidente em Atos 11:25-26 e Atos 12:25 que Barnabé e Saulo já estavam no
“ministério” antes que aqueles em Antioquia impusessem as mãos sobre eles. Paulo
não se tornou apto para o ministério como apóstolo por meio da imposição das
mãos desses homens. Ele disse que foi o Senhor que o designou para isso. Ao escrever
para Timóteo, ele disse: “Sou grato para
com aqu’Ele que me fortaleceu [deu
poder – JND], Cristo Jesus, nosso
Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério” (1 Tm 1:12
– ARA). Ele não recebeu o apostolado dos homens. Ao escrever aos gálatas, ele disse:
“Paulo, apóstolo, não da parte de
homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai,
que O ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1:1).
Se esse incidente em Atos 13 foi ordenação, quem os ordenou? Simeão chamado
Níger, Lúcio, Manaém e talvez outros lá? Estes eram profetas e mestres que eram
os segundos e terceiros na igreja (1 Co 12:28). Se eles ordenaram os apóstolos,
então o menor ordenou o maior. Isto não pode ser. O Sr. Kelly disse: “Teria o apóstolo
Paulo considerado a imposição das mãos de outras pessoas como sendo a ordenação
para seu ofício especial? Certamente podemos crer que ele não considerou. Senão,
por que, ao reivindicar sua afirmação de ser apóstolo, ele não se referiu a esse
momento e a esse ato? (1 Co 9:1; 2 Co 11:5, 12:12).”
Atos 14:26 explica o que realmente aconteceu em Atos 13:1-4, quando as mãos
dos santos em Antioquia foram colocadas sobre Barnabé e Saulo. Diz: “navegaram para Antioquia, donde tinham
sido encomendados à graça de Deus para a obra que já haviam cumprido”. Isso
mostra que os irmãos em Antioquia haviam estendido “as destras de comunhão” a
eles (Gl 2:9 – ARA). Eles deram a Barnabé e Saulo toda a sua comunhão e apoio no
trabalho que estavam prestes a realizar. Isso pode ter incluído uma oferta prática
de ajuda financeira e suas orações contínuas por eles na jornada, embora a Escritura
não especifique isso. Não há nada em Atos 13:1-4 sobre Barnabé e Saulo serem ordenados
para uma posição entre o clero.
Mais do que isso, o fato de Paulo ter sido encomendado à graça de Deus foi
repetido. Era algo que os irmãos faziam pelos servos do Senhor cada vez que saíam
em uma nova obra de divulgação do evangelho (At 15:40; Gl 2:9). Isso certamente
prova que não era ordenação, pois mesmo aqueles que dizem que enxergam ordenação
em Atos 13 não acreditam que uma pessoa precise ser reordenada a cada ano ou dois.
Ora, se a ordenação de alguém validar a autoridade que o nomeou, e a Escritura
não concede autoridade de nomear, exceto a um apóstolo, ou a um enviado de um apóstolo,
então está claro que aqueles que estão tentando ordenar hoje não têm autoridade
de Deus para isso. Um irmão que uma vez se submeteu ao sistema de ordenação do homem,
mas cujos olhos foram abertos posteriormente, apropriadamente disse: “Eles impuseram
suas mãos vazias na minha cabeça vazia!”
E o que dizer sobre 1 Timóteo 4:14? “Não
desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição
das mãos do presbitério”. Nessa passagem também vemos a imposição de mãos, mas,
novamente, não há nenhuma palavra sobre ordenação. É uma suposição na mente das
pessoas. Realmente é bem simples. Timóteo tinha um dom do Senhor; e foi profetizado
por um profeta (ou profetas) que Timóteo seria usado pelo Senhor no exercício desse
dom. Os anciãos reconheceram o dom que ele tinha recebido do Senhor e estenderam
as destras de comunhão a ele em sua obra. Paulo escreveu a Timóteo, exortando-o
a não negligenciar seu dom, e lembrou-lhe de que outros (os anciãos) também estavam
por trás dele apoiando-o. Isso deve ter sido um tremendo encorajamento para Timóteo.
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