quarta-feira, 29 de abril de 2020

Disciplina na Igreja

Outro assunto relacionado ao governo da igreja local que é negligenciado nas assim-chamadas igrejas é o da disciplina e excomunhão. Como mostramos no capítulo intitulado “Um Apelo à Separação”, todo Cristão é responsável por se separar do mal. É óbvio, portanto, que uma assembleia de Cristãos deve se manter pura do mal também. Esta é uma responsabilidade corporativa. A razão para isso é porque a associação com o mal contamina toda a assembleia.
Como já mencionamos, os três principais tipos de mal que devem ser mantidos fora do meio de um grupo de Cristãos são: mal moral, mal doutrinal e mal eclesiástico. Se uma pessoa em uma assembleia se envolver ou se associar ao mal, a assembleia local é responsável por afastá-la de sua comunhão. O apóstolo Paulo disse: “Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo” (1 Co 5:12-13). Isso mostra que a assembleia é responsável por julgar o mal em seu meio quando aparece.
Existem três razões principais pelas quais a assembleia deve colocar pessoas para fora de sua comunhão quando associadas com o mal.

1) A Glória do Senhor

A assembleia deve ter cuidado para não permitir que o nome do Senhor seja associado ao mal diante dos olhos do mundo. Quando os coríntios agiram em favor da glória do Senhor e colocaram fora de comunhão a pessoa envolvida no pecado, o apóstolo escreveu elogiando-os, dizendo: “quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós, que segundo Deus fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança!” (2 Co 7:11). Eles agiram com veemente zelo e vingança pela glória do Senhor.

2) A Santidade na Assembleia Deve Ser Mantida

Há duas razões para isso: primeiro, a assembleia é a morada de Deus. Deve ser mantida como um local adequado para a Sua santa presença. O Senhor habita no meio do Seu povo reunido em Seu Nome (Mt 18:20), e, portanto, a assembleia deve manter o mal fora do seu meio para que ela permaneça um lugar adequado à Sua presença. “A santidade convém a Tua casa, Senhor, para sempre”, é um princípio que vale para todas as épocas (Sl 93:5). “O que usa de engano não ficará dentro da Minha casa” (Sl 101:7; 1 Co 3:17; Nm 5:1-4). A segunda razão é o caráter fermentador do pecado. Como mencionamos anteriormente, associação com o mal contamina. O apóstolo Paulo disse: “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos pois do fermento velho, para que sejais uma nova massa” (1 Co 5:6-8; Gl 5:9-12). Ele também disse: “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). Se a assembleia não afastasse o mal de seu meio, em breve outros seriam afetados por ele.

3) Correção e Restauração do Ofensor

A ação de afastar alguém da comunhão deve sempre ter em vista o bem e a bênção da pessoa que errou. Ele é colocado fora e não devemos ter qualquer contato com ele, para que possa ser quebrantado em arrependimento e restaurado ao Senhor. “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais” (1 Co 5:11). Quando a pessoa está arrependida e tem julgado seu pecado, a assembleia deve recebê-la de volta à comunhão. Com relação à pessoa pecadora que os coríntios colocaram para fora de entre eles, o apóstolo Paulo disse: “Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor” (2 Co 2:6-8).
A assembleia deve sempre tomar o assunto como o seu pecado. A sua atitude em relação à excomunhão de alguém deve ser a do luto – pois eles falharam em não poder alcançá-lo quando o irmão estava no caminho em direção ao pecado. Isso é o que os coríntios não haviam feito. Paulo disse-lhes: “Estais inchados, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação” (1 Co 5:2). Cada um na assembleia deve procurar em seu coração se perguntando: “O que eu poderia ter feito para impedir essa pessoa de falhar?” Devemos ver que tivemos uma parte nisso; por não pastorearmos adequadamente essa pessoa, ou por não termos orado por essa pessoa o suficiente, etc. Isso é chamado de “comer a oferta pelo pecado” (Lv 6:26).
Esse tipo de cuidado com a glória do Senhor é algo quase inexistente na Cristandade hoje em dia, mas, no entanto, deve ser praticado por toda assembleia Cristã.

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