quarta-feira, 29 de abril de 2020

Um Apelo

Como o leitor observou, apresentamos uma ordem diferente para os Cristãos estarem reunidos para adoração e ministério do que é tradicionalmente aceito nas assim-chamadas igrejas. O que mais precisa ser dito em relação às diferenças? Procuramos demonstrar pela Palavra de Deus que a ordem nas igrejas denominacionais em geral simplesmente não é bíblica. Mostramos que existe um padrão simples na Palavra de Deus para os Cristãos estarem reunidos com esse propósito. E que fé e obediência são necessárias para praticar essas verdades bíblicas. Se nos chamamos Cristãos e afirmamos que a Bíblia é o guia do Cristão, por que não seguir a Bíblia quando se trata da maneira com que Cristãos estão reunidos para adoração e ministério?
Tendo completado nosso exame e exposição da falta de fundamento bíblico da ordem eclesiástica tradicional e apresentado a ordem de Deus para os Cristãos estarem reunidos para adoração e ministério, nossa oração e esperança é que o leitor não entenda mal nosso propósito neste livro. Não procuramos criticar as várias denominações da igreja na profissão Cristã apenas por uma questão de crítica, mas mostrar fielmente – e confiamos que também amorosamente – o erro de tudo isso. Desde o início, nosso desejo tem sido tornar conhecida a verdade, para que todo o povo de Deus possa conhecer o verdadeiro Cristianismo bíblico, se seu coração estiver disposto a isso.
Confiamos que, por meio de todas as muitas coisas em que tocamos, seja possível ver um amor e uma preocupação genuínos por toda a família de Deus. Também percebemos que, independentemente de quantas amorosas palavras de graça que expressamos na apresentação dessas verdades, isso não será suficiente para alguns. Eles ainda vão rejeitá-las porque pensam que são cruéis e injustas. É triste dizer mas parece que a verdadeira razão é que a vontade deles está agindo e eles simplesmente não querem a verdade. Seria inútil tentar amenizar essas coisas para se adequar a essas pessoas. Elas simplesmente não querem nada que toque sua consciência. Com isso, só podemos deixá-las com o Senhor.
Apelamos agora ao leitor para que preste atenção à verdade aqui compilada. Nossa oração é que todo Cristão que ler o material deste livro seja honesto, espiritual e maduro o suficiente para ver e reconhecer a verdade como foi apresentada. Que Deus nos dê a graça de fazer Sua vontade.

“Vocês Pensam que São os Únicos Certos!”

Às vezes nos deparamos com pessoas nos perguntando: “Você viria nossa igreja conosco?” É difícil recusar esse convite, sabendo que eles têm boas intenções e, principalmente, quando não entendem a firmeza da nossa convicção. Quando respondemos: “Não, não cremos que seria a vontade do Senhor”, eles geralmente se ofendem. Às vezes somos acusados de fanatismo e exclusivismo. Eles dizem: “Como é que você não se importa de nós virmos às suas reuniões, mas quando pedimos que você venha às nossas, você se recusa? Vocês pensam que são os únicos certos! Vocês não amam os outros membros do corpo de Cristo!”
De nossa parte, cremos que não poderia ser a vontade de Deus abandonar o terreno da Escritura em favor de uma ordem artificial não-bíblica. Portanto, não é a falta de amor pelas almas nessas denominações que nos impede de ir com elas para seus cultos, mas o temor do pecado.
Perguntamos se essas pessoas já consideraram o que o fanatismo realmente significa. O Sr. Kelly disse que é “o apego irracional, sem sólida garantia divina, à sua própria doutrina ou prática, desafiando todas as outras”. Perguntamos então: “É fanatismo abandonar as associações com as igrejas denominacionais para ir com aqueles que desejam estar reunidos para adoração e ministério de acordo com a Palavra de Deus?” Se, de fato, essas denominações são marcadas pela confusão e pelo abandono da Palavra de Deus, como descrevemos na parte inicial deste livro, então como alguém poderia esperar que sejamos tão inconsistentes com nossas convicções, a ponto de irmos com eles a essas assim-chamadas igrejas das quais nos separamos? “Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor” (Gl 2:18).
O Sr. Kelly também disse: “Certamente é um fanático ou coisa pior, alguém que insistisse ou esperasse que eu me juntasse a ele contra minha clara convicção de que, ao fazê-lo, estaria pecando contra Deus. Pecado é um homem fazendo a sua própria vontade, ou a de outro, mas não a de Deus. Se você me pedir para me afastar do que sei ser a vontade de Deus, é claro que seria pecado que eu a fizesse.”
Isso nos lembra do velho profeta de Betel (1 Rs 13). Ele tentou fazer com que o profeta de Judá, enviado pelo Senhor para clamar contra da adoração sem base bíblica estabelecida em Betel, para ter comunhão com ele no mesmo lugar contra o qual ele clamou! O velho profeta fez isso, para que sua consciência fosse aliviada, porque então ele poderia dizer que outros profetas estiveram lá com ele. Quando o profeta de Judá atendeu a seus desejos, um leão o encontrou no caminho e o matou. Tomamos isso como um aviso para nós mesmos.
Como dissemos, muitas vezes há animosidade por parte daqueles que rejeitam a ordem de Deus para com aqueles que querem obedecer à Palavra de Deus. Escolher permanecer em um sistema de adoração feito pelo homem na Cristandade é uma coisa, mas certamente não se pode culpar uma pessoa por querer estar entre os Cristãos que querem praticar a ordem de Deus. Afinal, eles estão apenas fazendo o que está na Palavra de Deus!
Se um Cristão deseja permanecer em um sistema eclesiástico feito pelo homem, e tenta usar a Palavra de Deus para apoiar essa ordem, ele terá que introduzir seus pensamentos nas claras declarações da Escritura. Por exemplo, ele terá que introduzir nela que o tabernáculo do Velho Testamento é realmente o padrão para a adoração Cristã; que a cobertura de cabeça eram apenas para mulheres na igreja local em Corinto; que as mulheres pregavam nas reuniões da igreja; que as mãos foram impostas sobre os que foram ordenados, etc.
Por outro lado, aqueles que simplesmente aceitam o que está na Escritura como Deus a escreveu, terão a tranquila confiança de que estão fazendo a vontade de Deus. Isso ocorre porque há uma paz que resulta de fazer a vontade de Deus, conhecida apenas por aqueles que nela andam. Voltar ao simples Cristianismo bíblico sem todas as atrações do Cristianismo moderno é realmente um privilégio!

Outra Seita?

Talvez alguém possa dizer: “Se fizéssemos tudo o que você diz e começássemos a nos reunir com aqueles que estão reunidos com base da Escritura, não estaríamos apenas nos juntando a outra divisão ou seita da igreja?” A resposta simples para isso é que a obediência à Palavra de Deus nunca pode ser divisão. É o que os Cristãos deveriam ter feito o tempo todo. Se os Cristãos estiverem reunidos em obediência à Palavra de Deus, de acordo com a verdade do “um só corpo”, eles nunca podem ser uma seita, mesmo que houvesse apenas dois ou três que tomassem esse terreno. Se estão reunidos pelo Espírito ao redor do Senhor Jesus, eles não estão no terreno do sectarismo; eles estão no centro divino, pois Cristo é o centro de reunião do Seu povo (Gn 49:10; Sl 50:5; Mt 18:20; 1 Co 5:4).

O Exercício para Todo Crente Agora é Buscar a Comunhão com o Testemunho Existente à Verdade do Um Só Corpo

Encontramos na Escritura que, quando o Espírito de Deus começou uma obra em alguns com relação à verdade da reunião, Ele teve o cuidado de uni-los com outros no mesmo terreno, para que a “unidade do Espírito” pudesse ser guardada para que houvesse a expressão da verdade do “um só corpo”. Paulo diz dos santos tessalonicenses: “Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judeia estão em Jesus Cristo” (1 Ts 2:14). Os tessalonicenses seguiram após as assembleias na Judeia, estando ligados a elas em comunhão prática, e até participando dos sofrimentos do evangelho. Não era que as assembleias na Judeia fossem mais importantes ou mais espirituais do que a dos tessalonicenses; simplesmente porque o Espírito havia começado Sua obra de reunir almas para nome do Senhor Jesus Cristo primeiramente na Judeia. Quando outros foram salvos, eram ligados em comunhão prática ao que o Espírito de Deus já havia começado.
Este princípio é confirmado em Atos 8:4-25. Muitos em Samaria haviam crido no Senhor Jesus por meio da pregação de Filipe, mas o Espírito de Deus não os reconheceu como estando no terreno do “um só corpo” até que tivessem comunhão prática com aqueles a quem Ele já havia reunido para o nome do Senhor Jesus em Jerusalém. Ao procurar guardar a “unidade do Espírito”, dois representantes desceram de Jerusalém e impuseram as mãos sobre os de Samaria (uma expressão de comunhão prática – Gl 2:9), pela qual o Espírito de Deus Se identificou com eles. C. H. Brown disse: “Deus não permitiu que os samaritanos obtivessem reconhecimento oficial como pertencendo à igreja (assembleia) até que eles a recebessem desses emissários que desceram de Jerusalém”. Vemos aqui que grande cuidado foi tomado pelo Espírito de Deus para ligar esses crentes àqueles em Jerusalém, para que houvesse uma expressão prática do “um só corpo” na Terra.
Quando o apóstolo Paulo encontrou um grupo de crentes em Éfeso que desconheciam outros com quem Deus já havia trabalhado, ele percebeu que o Espírito de Deus não os reconhecia como estando no terreno divino da assembleia (At 19:1-6). Eles não foram reconhecidos como estando no terreno do “um só corpo” até que houvesse comunhão prática (a imposição de mãos) da parte daqueles a quem o Espírito já havia reunido. Em referência a esse grupo de crentes, C. H. Brown disse: “Eles precisavam de algo. Eles tiveram que ser trazidos para a mesma unidade que já existia. Eles não podiam ser reconhecidos como ocupando um terreno diferente do resto deles. Paulo não podia dizer: ‘Vocês não estão no mesmo terreno que Antioquia ou Jerusalém, mas vocês têm muita verdade, e eu seguirei com vocês’. Ah não. Ele vai fazer com que eles sejam trazidos para o mesmo terreno em que o outros estavam. Eles foram trazidos para a mesma coisa que havia sido formada antes mesmo de ouvirem falar dela. Mais uma vez, vemos o cuidado e a sabedoria de Deus em manter “a unidade do Espírito”, para que houvesse uma expressão prática da verdade do “um só corpo”.
É verdade que esses dois exemplos citados no livro de Atos são casos em que as pessoas ainda não tinham o Espírito e, portanto, ainda não estavam adequadamente no terreno Cristão. Mas, como o irmão Brown mostrou, os exemplos nos dão um princípio importante sobre o qual Deus trabalha no sentido de manter a expressão prática da verdade do “um só corpo”. E assim, uma mente ensinada pelo Espírito sobre esses princípios aprenderá os pensamentos de Deus nesses assuntos coletivos da assembleia.
Este princípio é ilustrado em figura em Esdras 7-10. Deus havia começado uma nova obra ao trazer Seu povo de volta da Babilônia para o centro divinamente designado daquele dia – Jerusalém (1 Rs 11:32, 14:21). Cerca de 42.000 retornaram sob Zorobabel e Jesua (Ed 1-3). No entanto, cerca de 68 anos depois, outros foram igualmente estimulados a retornar a Jerusalém (Ed 7-8). Quando voltaram, descobriram que Deus já estava trabalhando de maneira semelhante com outras pessoas muito antes de serem exercitadas sobre tais coisas. E quando chegaram a Jerusalém, não encontraram um grupo perfeito de judeus ali (Ed 9), mas sabiam que era o único lugar correto para o povo escolhido de Deus adorar, por isso se identificaram com o testemunho já existente em Jerusalém. Não se pensou em estabelecer um testemunho independente, além do que já estava ali.
Cremos que isso nos dá uma resposta à pergunta sobre se as pessoas devem iniciar uma comunhão Cristã. Visto que o objetivo de Deus é reunir Seus santos na Terra em um para o nome de nosso Senhor Jesus Cristo no terreno do “um só corpo”, não cremos que o Espírito de Deus levaria pessoas a sair e praticar essas verdades num terreno de independência. Percebemos que alguns estão fazendo isso; mas não cremos que isso encontre a aprovação do Senhor, pois, ao fazê-lo, estão apenas promovendo a divisão exterior que não deveria existir no testemunho Cristão.
O que precisamos entender é que o Espírito de Deus já começou uma obra no testemunho Cristão no início de 1800, reunindo crentes para fora das denominações para o nome do Senhor Jesus. Ele ainda está trabalhando com os Cristãos para esse fim hoje. Cremos que Ele está disposto e capaz de guiar aqueles a quem Ele mostrou a verdade, à comunhão com o que Ele já começou. Cremos que o Espírito de Deus não ficaria satisfeito até que Ele completasse Sua obra, não apenas mostrando aos crentes o caminho bíblico para estarem reunidos, mas também associando-os praticamente àqueles a quem Ele já reuniu para que eles também pudessem estar no terreno do “um só corpo”.
Caso exista um grupo de Cristãos em exercício em uma localidade em que não haja uma reunião de Cristãos no terreno do “um só corpo”, não cremos que eles devessem irem adiante e partirem o pão, quer percebessem ou não, isso seria tomar um terreno independente. Eles precisam entrar em contato com aqueles que já estão no terreno de um só corpo, para que a mesa do Senhor possa ser estabelecida naquela localidade em comunhão com os santos assim reunidos. Ao fazer isso, a “unidade do Espírito” será mantida e não haverá reuniões independentes. Se eles não estiverem cientes de santos reunidos em nome do Senhor, eles deveriam esperar e confiar no Senhor. A partir dos princípios da Escritura citados acima, cremos que é assim que novas reuniões devem ser estabelecidas. Quando a mesa do Senhor é estabelecida em uma nova localidade, isso deve ser feito em comunhão com outras assembleias já no terreno do “um só corpo”.
Alguém perguntou a J. N. Darby sobre isso, dando-lhe dois cenários: “No caso de vários membros em comunhão se mudarem para outra cidade onde não há reunião; ou onde vários talvez se converteram e saíram das denominações; eles deveriam começar a partir o pão imediatamente se estiverem concordes entre si, ou devem anunciar sua intenção e buscar a comunhão das assembleias ao seu redor antes de fazê-lo?” Ele respondeu: “É sempre desejável que eles façam isso em unidade com os que estão reunidos no local mais próximo ou de onde vierem. Ninguém pode impedi-los de partir o pão, mas isso não seria feito de forma feliz ou piedosamente quando não é feito em comunhão com aqueles com quem eles já estão em comunhão” (“Letters”, vol. 2, pág. 458).

O Terreno do “Um Só Corpo”

Antes de falarmos sobre o que os Cristãos exercitados devem fazer, sentimos que precisamos estabelecer a importância da verdade do “um só corpo” (Ef 4:4). O propósito de Deus é que o Senhor Jesus reunisse “em um os filhos de Deus, que andavam dispersos”, para que houvesse “um rebanho e um Pastor” (Jo 11:51-52 – JND; 10:16). Embora esses versículos realmente se refiram à unidade na família de Deus, eles mostram claramente que Deus deseja que Seu povo seja encontrado reunido em uma unidade visível na Terra. Mateus 18:20 também indica isso, dizendo: Pois onde dois ou três são colocados juntos para o Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (JND). A voz passiva (“são colocados juntos”) indica que o poder que os reuniu para o nome do Senhor Jesus Cristo não era o daqueles que foram reunidos. Esse poder é o do Espírito Santo. Ele é o Reunidor divino. Mas observe, não apenas o Espírito reúne crentes para o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, mas também que Ele os reúne “juntos” em Seu nome. Isso se refere a uma unidade prática; e aprendemos com outras Escrituras que essa unidade prática não está apenas na localidade onde esses crentes se encontram; refere-se aos crentes em outras assembleias que estão reunidos de forma semelhante no mesmo terreno (1 Co 1:2, 4:17, 5:3-4, 10:16-17, 11:16; 14:33-34, 16:1). As decisões “de ligar e desligar” (Mt 18:18) tomadas em uma assembleia devem ser reconhecidas e respeitadas nas outras assembleias, de modo que a verdade do “um só corpo” seja expressa de maneira prática na Terra.
Se uma assembleia local deve tomar uma decisão “de ligar” ao afastar alguém de sua comunhão, o corpo como um todo deve agir em comunhão com essa assembleia local e reconhecer a ação. Eles devem se submeter ao julgamento feito naquela assembleia local, para que a pessoa “tirada” seja considerada “fora” em outras reuniões também, não apenas na assembleia da localidade em que ela reside. Vemos isso em 1 Coríntios 5:13, onde a assembleia local em Corinto deveria afastar aquela pessoa iníqua do meio deles. Mas 2 Coríntios 2:6 nos diz que a “repreensão” foi “feita por muitos [pela maioria – AIBB]. Os “muitos” aqui se referem ao corpo como um todo, como indica a nota de rodapé da tradução de J. N. Darby, citando 2 Coríntios 9:2 como um exemplo do uso e significado da expressão. Portanto, isso faz com que o ofensor sinta a repreensão por mais do que apenas sua assembleia local. Isso mostra que uma decisão tomada em uma assembleia local é realmente tomada em nome do corpo como um todo. O que é feito em nome do Senhor em uma assembleia local deve afetar o todo na prática. É uma das maneiras pelas quais a Igreja deve se “esforçar diligentemente para guardar a unidade do Espírito” (Ef 4:3 – TB) e, assim, dar expressão à verdade de que há “um só corpo”.

“Devemos Iniciar uma Comunhão Cristã de Acordo Com Esses Princípios Bíblicos?”

Depois de aprender alguns desses princípios que têm a ver com a Igreja e sua ordem, conforme encontrado na Escritura, alguém pode perguntar: “Como não devemos nos unir a uma denominação por causa de sua ordem feita pelo homem, devemos então começar uma comunhão seguindo a verdadeira ordem da Escritura?” Nossa resposta é não, porque acreditamos que pode ser um ato de independência. Não queremos dizer que novas reuniões não devam ser formadas, mas que existe outro princípio que deve ser levado em consideração antes que uma reunião assim encontre a aprovação de Deus. Os Cristãos devem estar reunidos no terreno do “um só corpo” (Ef 4:4). Para fazer isso, um grupo de Cristãos precisa estar reunido para adoração e ministério em comunhão com outras assembleias de crentes reunidas da mesma forma com quem possam expressar essa verdade de forma prática, em questões de recepção, disciplina, cartas de recomendação nas questões de comunhão entre assembleias, etc. Alguns Cristãos, que procurariam se reunir em nome do Senhor de forma independente, não poderiam praticar essa verdade sozinhos. Formar uma comunhão de Cristãos sem isso em vista é realmente tomar o terreno da independência, e não “guardar a unidade do Espírito” (Ef 4:3).

Conclusões - A qual Denominação Pedro, Paulo e João se Juntariam?

Vamos colocar toda a questão da organização eclesiástica denominacional (e não denominacional) de outra maneira. Suponhamos que, por um momento, pudéssemos colocar Pedro, Paulo e João, e alguns outros irmãos da Igreja primitiva em nossos dias. Vamos supor que os trouxéssemos logo que saíssem de uma de suas reuniões onde eles estavam reunidos somente para o nome do Senhor Jesus (Mt 18:20); onde eles tinham partido o pão em memória do Senhor como algo regular a cada dia do Senhor (At 20:7); não conhecendo nada além da liberdade do Espírito em liderar quem Ele quisesse que falasse na assembleia na adoração e ministério (1 Co 14:23-32), onde eles mantivessem a disciplina bíblica (1 Co 5:9-13; 1 Tim 5:20; 2 Ts 3:6, 14-15; 1 Ts 5:14; Gl 6:1, etc.), onde eles têm-se esforçado para manter a verdade que na prática “há um só corpo” em questões de recepção e disciplina (Ef 4:3-4), etc. Com base em tudo isso, os levássemos às ruas de uma das principais cidades da América do Norte, onde eles veriam a Cristandade com a confusão plenamente desenvolvida, com as numerosas seitas e divisões, as doutrinas más e errôneas, os edifícios luxuosos e ornamentados para a adoração copiados do judaísmo, os clérigos interferindo na simplicidade da ordem de adoração e ministério de Deus, mulheres nos púlpitos pregando, mulheres com a cabeça descobertas, os corais, as orquestras, os atletas mundialmente famosos testemunhando suas conversões, os shows de rock, homossexuais em cargos administrativos na igreja etc. Calmamente paramos e fazemos a pergunta: “A qual denominação você acha que eles se uniriam?” Não é preciso muito discernimento para concluir que eles não se juntariam a nenhuma delas.
Trazendo a pergunta para nossa realidade, se você andasse com os apóstolos pelas ruas de uma dessas cidades, tendo conhecido algo da verdade da ordem de Deus para o funcionamento da Igreja conforme visto na Escritura, e vendo a confusão que eles contemplassem ao olhar com eles para as várias assim-chamadas igrejas: “a qual denominação você se juntaria?”